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terça-feira, 30 de novembro de 2010

My Little Playlist

É engraçado o fato de que ultimamente eu não tenho conseguido escrever como costumava. Como se as palavras ficassem presas em algum lugar desconhecido entre os meus neurônios. E são tantas, tantas palavras, que elas acabam por formar um grande nó, onde se fundem e por fim se perdem de mim.
Por sorte, ainda me restam as músicas. Elas são as únicas capazes de expressar o que eu gostaria de escrever ou dizer. Baseado nisso, eu fiz uma playlist com as musicas principais, pra tentar voltar ao meu normal.Honestamente? Elas têm feito um ótimo trabalho.

Hello - Evanescence
Mais uma vez - Legião Urbana
Smother me - The Used
How to save a life - The Fray
Playing God - Paramore
Patience - Guns N' Roses
Helena - My Chemical Romance
Call me when you're sober - Evanescence
Franklin - Paramore
Satelite Heart - Anya Maria
Possibility - Like Ly
Tão longe - Reação em cadeia
Vamos fazer um filme - Legião Urbana






É.

sábado, 20 de novembro de 2010

Um fato



“O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.”

- Mario Quintana

O tal do "Tao Te King"

Algo muito estranho tem me acontecido ultimamente. Algo que eu tinha ignorado por um tempo, crendo que não fosse digno de minha atenção. Ironicamente, e sempre quando eu resolvo ignorar que a coisa fica "forte".
Há um tempo atrás, eu li sobre um livro chamado Tao te King, e obviamente, seu assunto me interessou. Eu pensei tanto, tanto nele, que de repente, todos os meus passos levavam ao nosso encontro. Eu o vi em livrarias, escutei pessoas falando sobre ele e , quando distraidamente passava o tempo em sites aleatórios, deparava-me com seu nome. E foi isso que se repetiu pela milésima vez ao dia , há apenas uns 20 minutos, eu acabei por ler um trecho do livro, sem nem ao menos ter procurado por ele.
Seria isso a lei da atracão? Seria a tal física quântica se metendo na minha vida, de novo? Seria apenas uma coinscidencia?
Antes fosse.
Eu interpreto isso como sinais. Sinais estranhos e repetitivos, que apenas afirmam o fato de que eu preciso ler esse livro o quanto antes.
O por que? Eu ainda não sei.
Vou postar o pequeno trecho que eu acabei de ler, pra deixar nítido o quanto ele me parece atraente:

“Trinta raios convergentes, unidos ao meio, formam a roda, mas é seu vazio central que move o carro.

O vaso é feito de argila, mas é o seu vazio que o torna útil.
Abre-se portas e janelas nas paredes de uma casa, mas é seu vazio que a torna habitável.

Assim... não tema o vazio, talvez ele seja o maior presente que recebemos. A verdade é que sem o vazio seríamos tristes caricaturas de quem de verdade podemos ser. Seja corajoso. Aceite-o e permita que ele lhe inspire a tornar-se quem você de verdade é.
O que seria de uma vida sem o mistério... sem a noite... sem as estrelas?
É no vazio que mora a nossa musa, e as mais belas ideias, e os sonhos, e a poesia...
Aceite o vazio e... se puder... ame-o.
O que vai acontecer então?...
Não vou lhe dizer!"



Lindo, não?

sábado, 13 de novembro de 2010

Dizia Lord Byron:



"Sabemos tão pouco do que estamos a fazer neste mundo, que eu me pergunto a mim próprio se a própria dúvida não está em dúvida."

Ridículo



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


-Álvaro de Campos

Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os ter amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

-Álvaro de Campos

Abster-se

Descobri que às vezes, para fazer o que é certo, nós temos que desistir daquilo que mais queremos, talvez até de nossos sonhos.

Eu não costumava desistir de lutar tão facilmente.



Foi então que eu te conheci.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O vaso de porcelana

O grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o Guardião morreu e foi preciso substitui-lo.
O grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.
- Vou apresentar um problema – disse o Grande Mestre. – E aquele que o resolver primeiro será o novo Guardião do templo.
Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeita-lo.
- Eis o problema – disse o Grande Mestre.
Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?
Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos à sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso e atirou-o no chão, destruindo - o.
- Você é o novo Guardião – disse o Grande Mestre para o aluno.
Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou:
- Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado.
“Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado – mas que insistimos em percorre-lo porque nos traz conforto. Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente. Nessas horas, não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito carrega consigo.”




Contos do Alquimista, Vol.1 - Paulo Coelho