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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Forfun - Escala Latina

Índios habitavam em paz as suas ocas

Até que as raposas deixaram suas tocas

Vieram pelo mar com a cruz e a espada

Pra roubar e violentar a nova terra imaculada


 

Pretenciosos, senhores da razão

Queimaram na fogueira o valor da intuição

Extermínios, catequeses e a 'Santa' Inquisição

São séculos de crimes, tortura e escravidão


 

Navios negreiros não cruzam mais o oceano

Mas o trabalho e o dinheiro continuam escravizando

Impondo ao mundo a cultura do capital

Materialismo, acumulo e o pensamento individual


 

Abstrairei os ataques da propaganda

E os valores egoístas que eles vêm para pregar

A mentira secular de trabalhar para viver

E a rotina angustiante de viver pra trabalhar


 

A concorrência de mercado e a histeria produtiva

A sociedade de consumo e seu sentido sem sentido

Marginalizam o ócio e a vida contemplativa

Sufocando almas num deserto criativo


 

Navios negreiros não cruzam mais o oceano

Mas o trabalho e o dinheiro continuam escravizando

Impondo ao mundo a cultura capital

Materialismo, acúmulo e o pensamento individual


 

O sangue e o suor os povos do mundo inteiro

São oferendas colocadas no altar do Deus dinheiro

Mas essa forma de existência desumana e limitada

Será em breve abolida e pelo amor superada


 

Um fato sabido é que o luxo só existe às custas de muita miséria e o bem-estar social é privilégio de poucos, que se pratica uma lavagem cerebral disfarçada com o nome de entretenimento, mas mesmo diante da maior das atrocidades não experimentaremos sentimentos como o ódio e o desprezo. Ao invés disso nossos corações transbordarão amor e compaixão.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fogo e Jabuticaba


 

Tem um grande barril dentro de mim. La onde ninguém consegue enxergar, nem com raio-x sabe? Em um lugar muito, muito escuro e distante pra ser descoberto por alguém, mesmo que seja por mim. Nesse barril tem um pó preto, como café. E tem pó por todos os lados. Esse pó nunca se acaba. Eu posso sentir isso, porque o barril é pesado demais. Algo tão pesado assim só pode conter uma grande porção de algo dentro. E por isso eu afirmo, com toda a certeza do mundo que isso é um pó. Preto. Tão preto quanto o universo sem estrelas. Tão negro quanto uma jabuticaba. É, uma jabuticaba. Esse pó preto é como pó de jabuticaba. Então, dentro desse barril, tem muito pó de jabuticaba. Eu não sei, primeiramente, quando me dei conta disso. Talvez, isso já existisse dentro de mim desde o momento em que nasci. Não, desde o momento em que fui criada.

Quando algum cara muito, muito poderoso olhou para uma jabuticaba e pensou: "Hoje eu vou criar uma menina que terá pó de jabuticaba dentro de um barril que vai ficar dentro dela. Ela vai nascer com isso, e talvez um dia, aprenda a usa-lo." E então, eu fui criada. Dai, aconteceu toda aquela palhaçada de corrida de espermatozoides, e aquele, que tinha um barril de jabuticabas, venceu a tal corrida. Eu acabei nascendo, alguns meses depois. E eu chorava. Chorava não por que meus olhos ardiam. Mas por que o barril era muito grande. Grande mesmo. Muito maior do que eu. E doía, por que ninguém podia entender, ninguém me ouvia. Todos diziam: "Como ela é pequena!". Tolos. Eu tinha um barril dentro de mim e vocês não sabiam. O tempo se passou, e eu sei que, assim que comecei a caminhar e entender o mundo, esse barril já fazia parte de mim. Eu só não sabia que ele estava ali.

Por muitas vezes, eu senti uma explosão La dentro. La naquele lugar que ninguém sabe chegar, que ninguém nunca viu. E quando ele explodia, eu fazia coisas que ninguém compreendia. Eu falava sozinha. Não com fantasmas ou bonecas. Com personagens. Quando esse barril explodia, eu ficava horas pensando em uma historia pra mim mesma. Eu tinha muitas vidas diferentes pra uma menina de 5 anos.

E mesmo assim, 12 anos depois, algumas pessoas ainda não entendem isso. Eu também não entendo. Mas hoje, eu sei que aquele barril ta aqui dentro. E quando ele explode, não são jabuticabas escorrendo por todos os lados.

Não.

São palavras. São mundos e criaturas, que escorrem diretamente para os meus dedos e se formam em textos interminaveis. Essa explosão, se chama inspiração e esse barril se chama paixão. E mesmo que as vezes eu me esqueça de todo esse peso, ele continua aqui, explodindo na minha imaginação e corroendo a minha mente.

PUM

Como vocês podem ver, explodiu.

De novo.

Uma olhada no futuro


 

As coisas nunca duram para sempre. Essa é uma verdade absoluta.

Acabo de ter um pequeno devaneio, uma triste ou talvez bela visão de meu futuro. Algumas rugas, alguns quilos a mais. Em uma estranha casa pequena e confortável com um forte odor de camomila. Nos meus pés, eu vi pantufas cor-de-rosa e um gato preto. Um temível, mas adorável, gato preto. Meu amigo, meu único companheiro na tarde nebulosa daquele gélido mês de julho. Meus cabelos, nessa época já grisalhos, caiam-me na face, embaraçando a visão da minha monótona casa.

Eu pensava em algo ou talvez estivesse recordando, quando fui tirada de minhas ilusões por um irritante barulho vindo da cozinha. Era aquele maldito telefone. O telefone que eu odiava ouvir tocar, porque simplesmente não tinha o menor desejo em atende-lo. Poderiam dizer o que quisessem de mim, mas eu me orgulhava de ser ranzinza. Alguns seres humanos simplesmente não mereciam minha atenção. E por isso eu me trancava, por dias, apenas com meu gato, que por sua vez não tinha nome. Nem um apelido se quer. Era apenas o "Gato". Conversávamos por horas a fio, apenas por olhares cansados e cheios de malicia. Ele, animal astuto, ouvia de longe meu sussurrar sábio e rancoroso. Eu, como nunca gostara muito de falar, apenas cantava algumas frases no mínimo volume possível, apreciando aquele momento divino de silencio e melancolia.

A tristeza, já enraizada nas minhas veias, ha muito esquecera-se de aparecer nas minhas feições, e por esse motivo, quem quer que me olhasse veria apenas um velho rosto inexpressivo e desprovido de qualquer espécie de beleza. Eu não me importava. Já tinha visto e degustado o suficiente por uma vida de 74 anos. Sentia as coisas acabando e não queria me tornar apenas mais uma espécie de peca arqueológica utilizada para contar historias. Não. Eu queria poder desparecer junto com a poeira. Esvanecer-me junto com o oxigênio que, pouco a pouco, abandonava meus pulmões. Minhas retinas, completamente aniquiladas pela falta de óculos, não esperavam ver muito mais do que apenas borrões do que seria o mundo da realidade.

Quando você tem uma vida inteira para se tornar parte de seus sonhos e devaneios, torna-se comum ignorar o mundo real. Foi o que acontecera comigo. Fechei tanto os meus olhos para o Realismo que, ora por teimosia, ora por esperança, abandonei qualquer oftalmologista com promessas de cura. Tornei-me cega a minha maneira. E hoje, faço nada mais do que desfrutar desses momentos.

Apesar de tudo, não me arrependo por terminar assim. Consegui ajudar muitas pessoas, consegui escrever alguns livros, embora não tenha me tornado uma letrada famosa ou bem sucedida. Advoguei por anos, enriquecendo com o passar do tempo. Não, não enriquecendo. Empobrecendo. A cada dia eu ficava mais pobre. Não de dinheiro. Mas de alma. Foi assim que funcionou a minha vida toda: o aumento da minha conta corrente era inversamente proporcional a minha felicidade. E assim, eu perdi meu coração. Perdi o sopro de vida.Algumas vezes, quando sentia muita falta de mim, eu voltava a escrever pequenos contos tentando, de alguma forma, resgatar um pouco daquele sentimento de sublimidade. Não fui muito sucedida nesse sentido, mas os remédios antidepressivos cuidavam de tudo na maioria dos casos.

Por isso, hoje, não me importo em não enxergar. Alguns dos poucos momentos em que estive feliz, foi quando me neguei a ver minha própria vida. Afirmo-lhe que devo a cegueira meus pequenos momentos de prazer.

Agora eu sou apenas um corpo, velho e seco. Seco não de água ou alimento.

Seco de espírito.

Alguma cidade,Sara Ribeiro, 25 de julho de 2068. - 18:45 PM

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um... sonho?


Boa noite.

Meu nome eh Sara Aline Ribeiro de Senna, eu tenho 17 anos, sou do signo de escorpiao e atualmente estudo no ultimo ano do ensino medio ao mesmo tempo em que faco cursinho pre-vestibular. Minha vida tem sido um pouco dificil ultimamente, meus estudos sao sempre prioridade. Eu raramente tenho um momento de tranquilidade e, quando isso acontece, acabo pegando no sono. Como agora.

Ah sim, eu esqueci de comentar que estou em um sonho.

Eu estou escrevendo no meu blog dentro dessa imensa ilusao criada pelo meu subconsciente, pensando que estou, de fato na internet mesmo.

Nao se assustem, isso pode parecer meio confuso mas eh o que ta acontecendo comigo.Ao chegar em casa, depois de um exaustivo e quente dia letivo de dezembro, eu acabei por ir dormir direto, sem nem tomar banho ou me alimentar direito. Ao fazer isso, cai no sono, capotei, desmaiei ou seja la qual expressao voce queira usar para ilustrar meu inusitado descanso.

Bem, o fato eh que, como o sonho imita a vida, eu acabo tendo internet aqui tambem e, junto com ela, minha imensa vontade de escrever o que sinto, como se fosse um diario. Entao, deixe-me narrar um pouco da minha estranha vida por aqui. Estamos ainda na mesma linda cidade de Porto Alegre, apenas um pouco alem do meu tempo. Eu ja estou em 2011, no dia 25 de fevereiro. As coisas aqui sao bem diferentes do que eu esperava que fosse imaginar um dia. Quer dizer, bem, dizem que seus sonhos sao o resultado de suas lembrancas e desejos mais intimos. Entao aqui esta: uma loucura completa.

Chega a ser engracado. Eu fico pensando, "como vim parar aqui"? Amanha eu ainda preciso acordar e estudar, mas eh muito dificil isso acontecer. Eu sinto como se estivesse dormindo por seculos enquanto minha vida passa nesse turbilhao de imagens otimistas e belas.

Nesse sonho, as coisas simplesmente dao certo. Chega a ser comico o fato de que tudo simplesmente parece estar bem. Oh, me esqueco as vezes de que isso eh um sonho. Sim, um lugar onde tudo pode dar certo, muito diferente do mundo o qual estou acostumada. Aqui, eu nao passei na UFRGS. Mas ganhei uma bolsa integral de estudos na melhor faculdade particular do Pais. Aqui, eu tenho um namorado. Um garoto nerd, engracado, meigo, estranho, prepotente, atencioso e adoravelmente perturbado. Um cara que, na vida real, costumava ser apenas um amigo orgulhoso e meio distante, mas aqui, tornou-se uma das pessoas mais importantes na minha vida. E, aqui nesse mundo paralelo onde as coisas dao certo, eu simplesmente fui no show da minha banda preferida na ultima terca-feira, que foi, alias, o dia em que eu comemorava meu primeiro mes de namoro com o cara que eu acabei de descrever.

Enquanto isso, na minha casa, as coisas sao amenas e cada vez mais suportaveis. Minha familia, embora sempre esteja muito empolgada em parecer pessimista, esta feliz. Nesse mundo, eu tenho mais liberdade para ver meus amigos e agora tenho bem mais fotos para colecionar.

Aqui, nesse lugar muito parecido com um faz de conta, eu posso segurar a mao do menino que eu amo, tendo a certeza de que ele segurara a minha tambem. Eu posso faze-lo rir e ser extremamente melosa com ele sem me preocupar em sentir culpa ou arrependimento. Eu posso confiar nele, por que eu escolhi este caminho. E, por mais estranho que pareca, muitas vezes ele parece sentir que tambem esta sonhando.

Sera que eh isso mesmo? Sera que nos dois estamos em apenas um devaneio dentro de nossas mentes? E se estamos, entao estamos tendo o mesmo sonho? Ao me fazer essas perguntas, acabo por me lembrar de quando foi que a inspiracao que deu origem a esse post brotou. E foi de uma conversa, que tive ha algumas horas atras com ele, enquanto tentava - ironicamente - dormir.
[...]"-As vezes eu nao consigo acreditar que to aqui, contigo nos meus bracos. Parece um sonho. Eu nao quero mais acordar.

- Eu tambem nao."

Depois de ter ouvido isso, soado tao sincero, tao profundo, eu acabei por ter uma pequena epifania. Me peguei pensando em todos os sinais de que isso realmente indicasse ser apenas um mero sonho, e cheguei a conclusao de que logo acordarei, mesmo sem querer.

Mas sera que isso vai mesmo acontecer?

Por que, sinceramente, eu prefiro passar o resto da vida imersa no meu subconsciente do que voltar aquela chata realidade pessimista e desafortunada.

Sonho ou apenas uma fase de sorte?

Eis a questao.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Misantropia X Filantropia


Eu tava pensando em muitas coisas sobre as quais queria escrever aqui, ja que eu SEMPRE acabo achando algo pra escrever quando entro nesse blog, e me lembrei que andei pesquisando sobre o que era um ser Misantropo. No decorrer do estudo, eu acabei me identificando com muitas das caracteristicas desses supostos "odiadores da humanidade" e levei em consideracao o fato de que talvez fizesse parte disso.

Entretanto, me deparei com um artigo relacionado a Misantropia, que de nada tem a ver com que eu havia acabado de ler.

A filantropia. Antonimo de misantropia, filantropia tem como significado, o ato de amar a humanidade.Pessoas consideradas filantropas, sao aquelas que tem por costume ajudar instituicoes de caridade, doar sangue, adotar criancas da Etiopia, dar comida ao pobres ou qualquer outro ato de amor ao proximo. E mais uma vez, eu me deparei com muitas caracteristicas da minha personalidade nesse artigo. Quem leu meu posto sobre "Coisas pra fazer antes de morrer", saber que mais da metade dos itens englobam a filantropia como objetivo principal.

E entao me venho a duvida: Qual das duas me descrevem afinal?

Tem muitos momentos em que eu simplesmente quero ficar longe de toda a humanidade, sentindo um verdadeiro asco da minha propria especie. Ou simplesmente me excluo por timidez. muitas vezes, o desinteresse pela vida alheia me remete a auto-exclusao do meio, que sao naqueles dias em que nao ha pessoa no mundo que me faca sorrir ou contar uma piada. Quando acordo assim, eu simplesmente nao quero ouvir, nao quero falar, nao quero saber, nao quero nada. Acredito que quem leia isso possa pensar que eu sou arrogante ou orgulhosa. Garanto que nao sou. Como dito anteriormente, sao apenas pequenos momentos de exclusao.

Entretanto... E incrivel o fato de que, quando esse momento misantropo passa, a Sara Filantropa vem com forca total, me enchendo de compaixao e altruismo. De repente, eu sinto que todas as pessoas do mundo estao em mim e eu estou em todas as pessoas. Tudo sou eu e eu sou tudo.

Nao sei achar um bom argumento sobre o que me leva a ter diferentes niveis de personalidade. Tambem nao consigo entender o que muitas vezes se passa dentro de mim.Mas as vezes, e como se fossem muitas pessoas diferentes dentro de um corpo apenas.

Creio que nao se possa nomear isso de hipocrisia.

O que eu sou, ainda nao tem nome.

No luto


[...]" - Quando uma pessoa se afasta de você, eh como se uma parte do teu corpo adoecesse, como se algo dentro de ti acabasse morrendo. Eu não sei explicar direito, mas eh assim que acontece: as pessoas acabam se tornando parte de nos. E adoecendo essa parte, adoecemos também."

" - Você fala como se algo dentro de ti estivesse morto."

" - E esta."

Fiquei pensando nisso enquanto o sono insistia em fugir de mim.

Muitas perguntas vieram aniquilar algumas certezas e alguns pesadelos concluíram o trabalho. Fazia tempo que eu não tinha uma noite tão ruim quanto essa.
Pesadelos com pessoas desconhecidas, pupilas enormes e brilhantes, demónios, parques de diversão, palhaços, circos, famosos, dinheiro, provas... Algo completamente psicodelico. Uma mistura de imagens e lembrancas, com um pouco de criaturas sombrias.

Um sono pesado, difícil. Muitas vezes acordei ofegante, com medo de voltar a dormir.

Obviamente o motivo se encontra no filme de terror que eu vi. Mas não era só isso que me perturbava, por que se fosse, eu não teria visto tantas pessoas que eu não vejo há muito tempo.

E isso ainda me doi.

Eu nao tinha parado pra pensar na minha parte morta ate ontem. Ate agora.

Mas, acabei chegando a conclusao que eu nunca fui do tipo que fica de luto. Quando alguem morre, eu acredito que acaba indo para um lugar estranhamente melhor do que esse. Entao a morte nao eh tao ruim. Por um lado eh uma especie de libertacao. Por outro, eh o modo mais facil de sentir falta do defunto.

Entao,sem querer, sem me dar conta, sem perceber...

Eu estou de luto.

It`s not a dream anymore...


Dia 22 de fevereiro de 2011, para muitas pessoas apenas um dia a mais de verao. Para mim e mais de mil outras pessoas, o fim de uma longa espera.

Como poderei descrever esse dia? Maluco? Cansativo? Incrivel?

Inesquecivel.

Otima palavra pra comecar a descricao.

Acordei as 4:30 da manha, fui tomar banho enquanto a chuva de verao ganhava forca la fora. Meu estomago revirava, minha mente girava. Labirintite. Uma das piores coisas pra se lembrar de ter minutos antes de sair. Entao eu tomei um Dramim, arrumei minha sacola de sobrevivencia a filas de shows, com salgadinho, agua, bolacha, protetor solar, camera e dinheiro. Fui.
Depois de uns 30 minutos de viagem, cheguei em frente ao aeroporto, encontrando barracas e umas 60 pessoas de pe, na frente do Pepsi on Stage. Devo dizer que alguns eram realmente excentricos - mesmo para uma cidade grande como Porto Alegre. Muitos acampavam desde a semana passada, alguns haviam chego de outras cidades, outros estados. O tempo? Nublado. Perspecitva do que fazer pelas proximas 15 horas? Nenhuma.
Meu irmao entao, dirigindo o carro, olha pra mim com um sorriso malicioso, se perguntando como algumas pessoas simplesmente conseguem ter animo pra fazer isso. Essa foi a primeira vez que eu me fiz essa pergunta tambem.

"Por que diabos eu tinha acordado tao cedo? Eles nem sequer sabem que eu existo. Francamente, isso e a coisa mais estupida que uma pessoa poderia fazer."

Com esses pensamentos, eu me despedi dele, ficando sozinha na fila completamente desnorteada. O que eu iria fazer agora? Me sentar e esperar? Dormir no chao? Cantar? Fazer amizade?

Nao sei.

Entao o tempo foi passando. Fiz algumas amigas, encontrei uma velha amiga minha, tirei fotos no aeroporto, cantei, corri ate o hotel onde a banda estava...

Ah sim, eu fui ate o hotel. Fiquei la, sentada no chao junto com mais 8 meninas, esperando ansiosamente por algum sinal inesperado de qualquer membro do Paramore. Entretanto, nao fez diferenca alguma, ja que nada aconteceu.

Mais tempo se passou, o sol estava queimando todo mundo enquanto algumas nuvens brincavam de esconde-esconde no ceu. Nublado, ensolarado, chuva, nublado, ensolarado, chuva. Um tempo instavel, uma paciencia quase esgotada e a ansiedade lutando na minha garganta.

18:00 - Os portoes abriram.

O seguranca pediu meu ingresso, enquanto as pessoas em volta de mim eram barradas por ter bolsas muito grandes e outras corriam desesperadamente pra dentro do tao esperado show. Eu nao fui barrada. Ele rasgou o papel, o que levou um seculo pra ser feito quando o que eu mais queria era ter voado la pre dentro.

Entao eu corri. Meio perdida, sem saber pra que direcao ir, mas fui. Fui onde ja tinham umas 100 pessoas amontoadas, gritando ansiosas. Algunas caras que corriam perto de mim gritavam: "Nos entramos! Nos entramos!" Algumas meninas choravam mesmo antes de comecar o show.Por um segundo eu pensei se realmente queria estar ali, se isso tava certo. Minha coluna doia por nao ter descansado o dia todo, eu me sentia fraca por nao ter comido algo realmente nutritivo. Valeria a pena?

Mais algumas interminaveis horas se passaram, enquanto aquele enorme lugar se amontoava de gente por todos os cantos, meninas e meninos de todas as idades e estilos se empurrando e tendo uma especie de luta livre pra conseguir pegar o melhor lugar. As luzes entao se apagaram, enquanto o oxigenio se escondia em algum lugar distante demais pra alcancar os meus pulmoes. Algumas pessoas desmaiavam, outras saiam antes da hora por nao ter condicoes de conseguir ficar ali.

A banda de abertura entrou.

Caras que eu nunca vi e sinceramente, nem me importava em conhecer, comecaram a tocar musicas de melodias estranhas, que eu nem me esforcei para entender. Algumas pessoas vaiavam - e eu tambem, enquanto outras cantavam e aplaudiam. A essa altura minha roupa ja estava encharcada de suor e agua jogada pelos outros fas. Meu cabelo completamente desgrenhado, minha cabeca ainda doendo.

As luzes se apagaram mais uma vez. A banda se despediu.

A plateia gritava: "We are Paramore"

Por longos minutos, alguns caras da producao arrumaram o palco e os instrumentos, enquanto meus tenis eram destruidos no meio da pista por todo mundo que estava empurrando e se matando ali. Eu gritava todos os tipos de palavroes possiveis, tentando fazer com que a tortura parasse, mas era inutil.
"Bom, deve ser assim que os shows funcionam, afinal."

A fumaca saiu.

A banda entrou.

Por uma fracao de segundo, o meu coracao parou de bater e a minha respiracao ficou presa em algum lugar dentro da minha surpresa. Eles estavam a 5 metros de distancia de mim. Jeremy, Taylor e ela. Hayley Williams.

Tao palida, tao perfeita. Cantando e falando com todo mundo. Algumas garotas do meu lado choravam. Eu fiquei paralisada enquanto a musica tocava e todo mundo pulava, acompanhando em coro. Nao me lembro por quanto tempo fiquei assim, mas sei que foi bastante tempo.

Meus pulmoes doiam, eu nao sentia minhas pernas e ondas de calafrios passavam pela minha espinha a cada pulo que alguem da banda dava. Eu segurei a mao da minha amiga, tentando dar e obter um pouco de seguranca.

"Se eu morrer aqui, ninguem vai me ouvir gritar, ninguem vai me ver cair. Mas eu vou estar olhando pra ela, ouvindo a voz mais linda do mundo, respirando o suor de milhares de fas. Seria um belo final dramatico pra minha vida."

Nao, eu nao poderia me deixar desmaiar ou morrer ali. Nao sem antes gastar o ultimo fio da minha energia pulando e gritando o maximo que eu pudesse.

E foi isso que eu fiz.

Cantei, chutei, soquei, gritei, chinguei, pulei, aplaudi. Mesmo sem ar, mesmo desidratada, mesmo sem sentir meus ossos, eu continuei ate o ultimo momento.

No final, eu consegui sair intacta, com os ouvidos zunindo. Me joguei na grama, morrendo de frio, talvez com febre, mas muito, muito feliz. Cansada e um pouco irritada, mas feliz.

Quando tava chegando em casa, meu irmao novamente perguntou como alguem se animava a fazer isso, com uma cara de "voce-so-perdeu-tempo" . Mas tudo que eu conseguia falar era o quanto tinha valido a pena, cada novo hematoma, cada minuto de ocio na fila, cada segundo sufocando por agua e ar. Eu tinha finalmente, visto a minha banda preferida na minha frente. Cantando comigo, falando comigo.

Eles nao sabem da minha existencia.

Mas eu simplesmente fico feliz de saber da existencia deles.

E se eu tivesse que fazer tudo de novo, eu faria exatamente igual.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

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O ódio

Te consome por dentro? Te mata a cada segundo? Te faz mal?

Não me importo. Por que, subitamente, o ódio é tudo que eu sei sentir.

Eu odeio vocês, odeio do fundo da minha alma.

Dane-se todos. Eu não me importo.

Apenas me deixem em paz, estarrecida na minha ingratidão.

Sumam se quiserem, mas me deixem em paz.

Obrigada.

Romeu e Julieta - Ato 2, Cena 6:

"Estas alegrias violentas, tem fins violentos. Falecendo no triunfo, como fogo e polvora, que num beijo se consomem."


- William Shakeaspeare

Recomeçar

Ou seria... Retentar? Eu não sei.

Eu sou uma bomba relógio, explodindo em sentimentos e aniquilando por palavras.

Eu sou uma contradição do que eu fui ontem.

E neste momento, eu estou tentando, talvez inutilmente, colar os cacos de vidro com durex. Os cacos daquele lindo cálice que eu tinha sobre a mesa da sala de estar. A sua beleza não fez com que a queda fosse menos feroz e o transformou em um simples quebra-cabeça de cristal.

Eu vou consertar.

Eu preciso.

Mas o problema, é que eu tenho consciência do fato de que posso me cortar durante o processo.

Honestamente? Eu acho que consigo lidar com isso.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Doses de Sobriedade

Submersa em um mundo estranhamente confortável, eu me vejo distante da realidade que me prende na terra com uma Forca de aproximadamente 10m/s. Chamamos essa forca de gravidade, que nada mais é, do que uma espécie de ima que nos atrai para o centro do planeta, permitindo-nos o privilegio de estar com os pés no chão.

Mas hey, quem disse que era isso o que eu queria?

Seja na bela melodia de uma musica, seja nas belas palavras dos inumeráveis livros desejados por meus olhos famintos, seja um desenho animado na televisão... Sempre ha alguma obra da arte humana que me permita flutuar nos meus pensamentos, esquecendo de uma vez por todas a tudo que me cerca e mergulhando naquele lindo mundo que apenas eu sei onde é e apenas eu sei como chegar.

E assim eu fico... Por horas e horas tentando fugir do mundo em que eu nunca me acostumei a morar. E isso é engraçado, por que me faz lembrar de todos aqueles desconfortáveis minutos suportados em filas enormes de pagamento de contas ou consulta medica, ou em qualquer outro caso de extrema paciência que requerem minha sanidade e bom senso pra ficar calma. Eu não costumo me estressar facilmente por ficar sozinha a espera de algo ou simplesmente pensando por uma tarde inteira - pelo contrario, divirto-me. Viajo a lugares que nunca conheci, imagino pessoas que nunca existiram, executo ações que jamais poderia fazer no mundo real. Assim eu passo minhas 24 horas: de indas e vindas entre o meu mundo e o seu mundo.

Quando digo "seu", não me refiro a você leitor, que possa sentir-se excluído de minha imaginação. Mas sim ao mundo em si, ao mundo de todas as outras 6 bilhões de pessoas que estão neste exato momento fazendo algo que eu não sei o que é. Algumas dormem, outras trabalham, outras estudam, muitas sorriem, muitas choram, muitas morrem, muitas nascem,poucas acordam e, com sorte, algumas sonham.

Então a pergunta fatídica:

"Você bebe? Usa alucinógenos?"

Minha resposta: "Não" - sorriso tímido.

E pronto.

Eu não preciso de alucinógenos ou bebida para ficar fora de mim, por que tenho a estranha capacidade de fazer isso por conta própria sem nenhum tipo de estimulante. Alias, por favor, analisemos o caso: Eu, por viver no mundinho insano dos malucos sou considerada bêbada. Você, por viver em uma estúpida realidade de violência e ambição é um humano com saúde mental razoável. Eu digo que sobriedade é ser você mesmo, sem toda essa palhaçada de manipulação barata. Você diz que sobriedade significa vestir-se bem e ter dinheiro, alem de ter um bom status social e beber um bom vinho. Eu digo que roupas são detalhes e status social não me interessam. Você me repudia. Eu o compreendo. Você diz que eu sou doente. Eu apenas sorrio.

Seja honesto consigo mesmo: quem realmente precisa de uma dose de sobriedade por aqui?


 


 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Escorpião

Tendências: Por ser um animal rasteiro, agressivo, não tem astral muito legal. Não se conforma em estar mal, quer que o outro também fique. Mas é claro que pode colocar essa energia no sentido mais construtivo. Custe o que custar vai bem fundo. Único signo que é capaz de descer ao inferno e voltar descontaminado. Escorpião tem muito poder, é intenso, ciumento, possessivo, misterioso, sexual, manipulador,articuloso, vingativo, inescrupuloso. É muito ligado a polaridade ódio <-> amor. Faz tudo que é possível se estiver cuidando de uma pessoa. Destrutivo, gosta de fazer sofrer. Muito determinado, independente, possui opiniões fixas.

Quais das caracteristicas abaixo você possui?

Motivado (x)

Temperamental (x)

Cheio de expedientes (x)

Vingativo (x)

Investigativo(x)

Reticente (x)

Penetrante ( )

Violento (x)

Realizador (x)

Arrogante ( )

Consciente (x)

Sarcástico (x)

Apaixonado (x)

Desconfiado (x)

Impenetrável (x)

Ciumento (x)

Magnético (?)

Intolerante (x)

Tenaz ( )

Auto destrutivo (x)




As vezes, eu tenho medo de mim.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A colecionadora de Coracoes


[...]" Violete, cujos maliciosos olhos cegavam-me a ponto de persuardir-me sem uma palavra se quer, trajava naquela noite um belissimo vestido branco, envolta por um brilho demoniaco em todo seu esplendor. Os cabelos, de um vermelho sangrento, brilhavam sedutoramente a luz do luar. Ela veio ate mim, sem nunca desviar os assustadores olhos de meu rosto. Eu estava inebriado por seu magnetismo altamente destrutivo. Foi com um grande esforco de minha parte que consegui me concentrar racionalmente em suas pernas - mais precisamente na lamina que brilhava por baixo do fino tecido de seu vestido.

A consciencia de tal perigo, fez-me lembrar de todas as vitimas de quem ja havia ouvido falar: Homens jovens, vivazes, com sua vida arrancada de si no momento da paixao atraves de uma fria punhalada certeira em seus coracoes.

Era assim que a criminosa era conhecida: A colecionadora de coracoes."

No ano de 2009, digamos que minha imaginacao foi um pouco alem das fronteiras das humildes redacoes de escola, sendo explorada mais a fundo no meu velho computador. As historias de vampiros, fantasmas e romances proibidos brotaram de um lugar desconhecido de mim, causando espanto e admiracao da minha propria parte. E como nao fosse o suficiente, eu acabei criando uma linda e temivel psicopata: Violet. A cruel mulher sem sentimentos, orfa de pais, criada pelo tio bebado e educada em uma escola de freiras extremamente propensas ao erro.

Foi assim que eu imaginei a minha anti-heroina preferida, rasgando os peitos de homens inocentes e arrancando seus coracoes com machados ou punhais. Depois, eu imagino essa pequena doentia-assassina colocando tais orgaos em vidros, um ao lado do outro, em uma interminavel fileira em suas prateleiras, dentro de uma grande sala no porao de sua casa. Todos coracoes ali: ensaguentados e bem conservados apenas para o deleite de minha heroina.

Ela os faz se apaixonar e depois os mata lentamente, sentindo sua dor e triunfando na morte da sua inocente vitima. Depois, friamente joga seus corpos no fogo ou em algum esgoto, deixando apenas o coracao como prova de que tal infeliz criatura uma vez existiu.

A historia e macabra e um pouco engracada por conter toques terriveis de satira ao que acontece na vida real. E a satira que me entrega por completo: o humor utilizado pra ilustrar o que vemos todos os dias, o que fazemos todos os dias.

Colecionamos coracoes, destruimos vidas, triunfamos na dor.

E isso o que humanos fazem.

E isso o que eu faco.

Quem quer ser o proximo?

30 segundos



 

Lembrei agora de algo que eu sigo desde que li o livro "Código da inteligência" de autoria do Dr.Augusto Cury: "Para aprender a controlar as suas emoções mais fortes, como a raiva produzida pelos traumas - registrados em "janelas da memória" - você deve se concentrar em coisas calmas para que não seja derrubado por toda essa avalanche de sentimentos e desespero que queimam consideravelmente enquanto você pode cometer crimes desastrosos ou pronunciar palavras dolorosamente inesquecíveis."

O fato e que, ultimamente, eu não tenho sido muito boa com o negocio dos "30 segundos". A fúria e a ira ganham posse de cada centímetro do meu corpo e de repente, minha alma fica cegamente confusa diante das palavras metralhadas em meus ouvidos. O cenário torna-se distante e diante de mim, tudo o que eu consigo ver são trevas envolvidas por um manto de injustiça. No meio do caos, e muito comum aparecer aquela já minha velha conhecida, chuva acida, trazendo consigo todas as lamentações e deprimentes pensamentos pessimistas que eu carrego. Meu coração então afunda na miséria, enquanto um sorriso - ora sarcástico, ora lamuriante - escapa de dentro das minhas entranhas, corroendo meus ossos com uma auto-hipocrisia tão incrivelmente forte, que chega a ter o mesmo resultado de sedativos: causando uma estranha onda de calma e sono constante.

E então... bem, aparecem os anjos.

Não me refiro a anjos convencionais com cachinhos dourados e divinos semblantes. Estou me referindo aquelas pessoas - amigos, familiares... Você - que aparecem do nada apenas para que eu possa entender que a minha limitada visão de existência nesses momentos infelizes, não passam de uma "fase".

E isso: apenas uma fase.

Como nos jogos de videogame, quando eu tinha que jogar avidamente ate conseguir matar um chefão e terminar com o jogo de uma vez por todas. Mas, diferentemente dos jogos, na vida real - na minha vida, para ser mais precisa - passar de fase envolve não só a minha satisfação, mas a de pessoas que eu amo também. Tudo envolve pessoas que eu amo. E disso que minha vida e feita: fazê- los felizes. E o meu medo? E de falhar, machucar, cair em ação. Deixa-los tristes ou decepcionados faz de mim um monstro, ou melhor, cria em mim um monstro. Uma espécie de "Frankeinstein" que continuamente volta ate mim, para que eu me lembre de que tudo isso e uma questão de orgulho e altruísmo.

Se não bastasse minha família e meus amigos, agora isso também envolve uma pessoa que entrou nessa loucura por livre e espontânea vontade, dando a mim a felicidade em dobro e ao mesmo tempo, a angustia em dobro. Então, creio que seja razoável de minha parte, como futura defensora da justiça desse pais, apontar o que e justo ou não com as pessoas que eu amo. E isso inclui o que elas fazem por livre arbítrio. Como o que você esta fazendo.

Permitir sacrifícios da sua parte, apenas indica o que eu sempre suspeitei que aconteceria: seu arrependimento. E cedo ou tarde isso vai vir, se não for agora, depois.Entretanto, temo que seja irrelevante tratar de tal causa neste momento, uma vez que e praticamente impossível voltar atrás e fazer com que tudo isso tenha o futuro correto.

Espera.

Correto?

E o que seria o "correto"?

Acho que a essa altura, nos dois sabemos.


 

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Coisas para fazer antes de morrer:


- Ir para New York

- Aprender a tocar violão

- Ter 3 diplomas de faculdade aos 28 anos

- Encontrar Robert Leberton*

- Pintar o cabelo de azul

- Fazer um anjo na neve

- Fazer cosplay pelas ruas, com fantasias aleatórias

- Comer profiterolis

- Ir a um show do Paramore

- Conseguir uma foto com Johnny Depp

- Doar sangue

- Animar crianças internadas em hospitais

- Escrever pelo menos 1 livro ate os 25 anos

- Conseguir uma foto com Anne Rice

- Tocar guitarra em um show que arrecade fundos para uma entidade carente

- Construir um cinema

- Ler a Bíblia

- Participar de uma revolução feminista/política

- Ir para Cuba com a Dafne

- Conquistar a amizade do Augusto Cury e ter muitas amigas freiras

- Dar aula em escolas publicas, cursinhos, internatos e faculdades

- Ganhar uma causa judiciária

- Subir em um caixote no meio da rua e pregar uma filosofia humanitária

- Fazer no mínimo um camafeu

- Ir a um show do Tequila Baby e participar da roda punk

- Animar idosos em um asilo

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A carta - Pt. 2

"Querida Lady Murphy...

Onde anda a senhora, que nao a vejo mais?
Espero, honestamente, que nao esteja em mas condicoes de saude ou que esteja esperando a espreita de algum arbusto suspeito. Por favor, nao me venha com surpresas, a senhora sabe que nao gosto disso, principalmente das suas surpresas.

As coisas tem estado estranhas por aqui. Com toda essa (falta de)chuva e com toneladas de acontecimentos fortuitos.

Ah sim, eu disse fortuitos.

A senhora deve estar estranhando isso. Acredite: eu tambem estou.

De qualquer forma, nao posso dizer que estou com saudade, por que sinceramente, eu nao estou. Pode demorar o quanto quiser ou quem sabe ate estabelecer uma moradia permanente onde quer que a senhora tenha estado. Eu tenho certeza que conseguirei manter as coisas por minha conta.

Espero ansiosamente por noticias de suas ferias.

Sem carinhos, Sara Ribeiro."







Porto Alegre, 10 de fevereiro de 2011.

Miracle - Paramore

"E nós aprendemos a fugir de
Qualquer coisa que não seja confortável
Amarramos nossa dor
E ninguém tem que saber
Que por dentro nós estamos quebrados
Eu tento remendar as coisas novamente
Acalmar minhas lágrimas, e matar estes medos

Mas eu lhe contei? Contei?
Eu não vou embora
Porque eu estive esperando por um milagre
E eu não vou embora
Eu não vou deixar você
Deixar você desistir de um milagre
Quando isto pode salvá-la"

Sim, esse post foi feito pra ti.

E eu sei que tu sabe disso.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Trevas – Lord Byron

Eu tive um sonho que não era em todo um sonho

O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas

Vagueavam escuras pelo espaço eterno,

Sem raios nem roteiro, e a enregelada terra

Girava cega e negrejante no ar sem lua;

Veio e foi-se a manhã - Veio e não trouxe o dia;

E os homens esqueceram as paixões, no horror

Dessa desolação; e os corações esfriaram

Numa prece egoísta que implorava luz:

E eles viviam ao redor do fogo; e os tronos,

Os palácios dos reis coroados, as cabanas,

As moradas, enfim, do gênero que fosse,

Em chamas davam luz; As cidades consumiam-se

E os homens juntavam-se junto às casas ígneas

Para ainda uma vez olhar o rosto um do outro;

Felizes enquanto residiam bem à vista

Dos vulcões e de sua tocha montanhosa;

Expectativa apavorada era a do mundo;

Queimavam-se as florestas - mas de hora em hora

Tombavam, desfaziam-se - e, estralando, os troncos

Findavam num estrondo - e tudo era negror.

À luz desesperante a fronte dos humanos

Tinha um aspecto não terreno, se espasmódicos

Neles batiam os clarões; alguns, por terra,

Escondiam chorando os olhos; apoiavam

Outros o queixo às mãos fechadas, e sorriam;

Muitos corriam para cá e para lá,

Alimentando a pira, e a vista levantavam

Com doida inquietação para o trevoso céu,

A mortalha de um mundo extinto; e então de novo

Com maldições olhavam para a poeira, e uivavam,

Rangendo os dentes; e aves bravas davam gritos

E cheias de terror voejavam junto ao solo,

Batendo asas inúteis; as mais rudes feras

Chagavam mansas e a tremer; rojavam víboras,

E entrelaçavam-se por entre a multidão,

Silvando, mas sem presas - e eram devoradas.

E fartava-se a Guerra que cessara um tempo,

E qualquer refeição comprava-se com sangue;

E cada um sentava-se isolado e torvo,

Empanturrando-se no escuro; o amor findara;

A terra era uma idéia só - e era a de morte

Imediata e inglória; e se cevava o mal

Da fome em todas as entranhas; e morriam

Os homens, insepultos sua carne e ossos;

Os magros pelos magros eram devorados,

Os cães salteavam seus donos, exceto um,

Que se mantinha fiel a um corpo, e conservava

Em guarda as bestas e aves e famintos homens,

Até a fome os levar, ou os que caíam mortos

Atraírem seus dentes; ele não comia,

Mas com um gemido comovente e longo, e um grito

Rápido e desolado, e relambendo a mão

Que já não o agradava em paga - ele morreu.

Finou-se a multidão de fome, aos poucos; dois,

Dois inimigos que vieram a encontrar-se

Junto às brasas agonizantes de um altar

Onde se haviam empilhado coisas santas

Para um uso profano; eles a resolveram

E trêmulos rasparam, com as mãos esqueléticas,

As débeis cinzas, e com um débil assoprar

E para viver um nada, ergueram uma chama

Que não passava de arremedo; então alçaram

Os olhos quando ela se fez mais viva, e espiaram

O rosto um do outro - ao ver gritaram e morreram

- Morreram de sua própria e mútua hediondez,

- Sem um reconhecer o outro em cuja fronte

Grafara o nome "Diabo". O mundo se esvaziara,

O populoso e forte era uma informe massa,

Sem estações nem árvore, erva, homem, vida,

Massa informe de morte - um caos de argila dura.

Pararam lagos, rios, oceanos: nada

Mexia em suas profundezas silenciosas;

Sem marujos, no mar as naus apodreciam,

Caindo os mastros aos pedaços; e, ao caírem,

Dormiam nos abismos sem fazer mareta,

mortas as ondas, e as marés na sepultura,

Que já findara sua lua senhoril.

Os ventos feneceram no ar inerte, e as nuvens

Tiveram fim; a escuridão não precisava

De seu auxílio - as trevas eram o Universo.

Deads Boys Poem - Nightwish

Nascido do silêncio, silêncio cheio de si
Um concerto perfeito, meu melhor amigo
Muito pelo que viver, muito pelo que morrer
Se ao menos meu coração tivesse um lar

Cante o que você não pode dizer
Esqueça o que você não pode tocar
Apresse-se para se afogar em lindos olhos
Caminhe dentro de minha poesia, essa música agonizante
Minha carta de amor para ninguém

Nunca suspire por um mundo melhor
Ele já está composto, representado e dito
Todo o pensamento, a música que escrevo
Tudo o que desejo para a noite

Escrito para o eclipse, escrito para a virgem
Morto pela beleza, aquele no jardim
Criou um reinado, alcançou o conhecimento
Falhou em se tornar um deus

Nunca suspire por um mundo melhor
Ele já está composto, representado e dito
Todo o pensamento, a música que escrevo
Tudo o que desejo para a noite

"Se você ler essas linhas, não lembre-se da mão que a escreveu
Lembre-se apenas do verso, o choro sem lágrimas do compositor
Por quem eu tenho dado a força e isso se tornou a minha própria força.
Moradia confortável, colo da mãe, chance para a imortalidade
Onde ser querido se tornou uma emoção que eu nunca conheci
O doce piano escrevendo minha vida
"

"Ensine-me a paixão, pois temo que ela tenha partido
Mostre-me o amor, proteja-me da tristeza
Há tanto que eu gostaria de ter dado àqueles que me amam
Eu sinto muito
O tempo dirá (esse amargo adeus)
Eu não vivo mais para envergonhar nem a mim, nem a você

E você... Desejaria não sentir mais nada por você..."

Uma alma solitária...
Uma alma do oceano...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

S a c r i f í c i o

Sacrifício é a prática de oferecer como alimento a vida de animais, humanos ou não, aos deuses, como acto de propiciação ou culto. O termo é usado também metaforicamente para descrever atos de altruísmo, abnegação e renúncia em favor de outrem. - Wikipedia

Dicionários a parte, a questão realmente importante é: Vale a pena fazer o tal sacrifício?

Não há como fazer uma avaliação concreta, por que acredito que cada caso é um caso. Frase clichê e estúpida, mas é a verdade.

Muitas pessoas sacrificam seu bem estar por pessoas que não valorizam ou sequer se importam com o sacrificado. Muitas vezes nos deparamos com casos em que a renunciação de um desejo em prol do aproveitamento de "outrem"( adoro palavras arcaicas ), acaba por resultar em uma total perda de tempo e dedicação, dando claros exemplos das consequencias ruins de um ato tão nobre quanto o auto assassinato.

Mas e quando você quer a felicidade e a admiração das pessoas que você ama?

Vale a pena deixar algumas coisas de lado e lutar por isso?

Por todo o respeito que eu tenho por mim mesma e com toda a sinceridade - e esperança - cabível a mim conter, espero que sim.

Lithium - Evanescence

Don't want to let it lay me down this time
Drown my will to fly
Here in the darknessn
I know myself
Can't break free until I let it go,
let me go


I can't hold on to me

Wonder what's wrong with me?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Random

Eu simplesmente não consigo escrever.

É sempre assim: quando eu tenho a oportunidade, não tenho a inspiração.

E olha que de assuntos e sentimentos eu estou farta, com quantidade o suficiente para escrever um livro.

Palavras, porque vocês insistem em fugir de mim?