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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Boa Noite

Quase me esqueço de quem sou. Ando por essas ruas iguais, ando com essas roupas iguais, mas sou diferente. Sou diferente de mim. Leio meus textos antigos e me vejo de outro ângulo. Não sou mais a menina desesperada. Não sou mais a menina traumatizada, triste, sombria, fechada, tímida, pacata. Criei força do nada. Aprendi a ignorar a queda. É assim, não é? Quando a gente percebe que amadureceu. Sinto saudade dela, aquela menina triste. Saudade dos textos bonitos, da dor latejante. O que pode parecer bem doentio, se você for parar pra pensar, mas é verdade. Mudei. Finalmente aprendi a converter toda a minha dor existencial em algo produtivo que não fosse, necessariamente, textos esquecidos em um blog. Minha raiva se dissipou nos aparelhos complexos da academia. Minha ansiedade se dissipou nos dias curtos com minutos longos que não me deixavam espaços nem vírgulas que pudessem ser lamentados. Minha solidão fez as pazes comigo: Somos amigas, quase não nos separamos. Minha vontade de tirar a vida das pessoas babacas simplesmente se acalmou. Estou quase tranquila, se não fosse tão perturbada. Minha alma está desacostumada a ser descrita. Quase não lembro de como fazia para escrever. Então, eis que faço: Escrevo. De novo, de novo, de novo. Agora e sempre. Meu único trunfo, minha fuga, meu amor. Se meus dedos falassem, eles protestariam contra o meu cérebro preguiçoso. Volta pra vida, Sara. Escrevo. Boa noite.